04 DE AGOSTO DE 1998

Paixão por balé

Muito do sucesso que tem marcado a trajetória dos bailarinos da Academia Marcia Angeli se deve à paixão da bailarina, coreógrafa, e diretora da escola. A maringaense Marcia Angeli, casada, dois filhos adolescentes, estuda balé desde os sete anos.

Ela diz que para sentir-se bem precisa estar sempre fazendo cursos, aprendendo, coreografando, e viajando. Entrou na faculdade de Fisioterapia para poder conhecer melhor o corpo humano e aprimorar sua técnica. ‘‘Quero redescobrir meus movimentos, saber como cada parte do corpo se move e como o bailarino consegue pôr sua energia na dança, ampliar meus conhecimentos sobre a consciência corporal. Faço o curso também porque pretendo dançar sempre. Quero ajudar as pessoas a realizar o sonho e a desfrutar do prazer de dançar mesmo depois de velhas. Eu mesma pretendo dançar até quando estiver bem velhinha.’’

Marcia Angeli teve formação em Ballet Clássico em Maringá com Roseli El Ghezz, aperfeiçoou-se em Londrina, e profissionalizou-se pelo Balé Teatro Guaíra em Curitiba. Em 1989 passou um mês fazendo cursos nos principais balés soviéticos: em Mink (Ballet Nacional), Leningrado (Kirov) e Moscou (Bolshoi). Está sempre participando de aulas em São Paulo (com a filha de Alícia Alonso do Ballet de Cuba), no Ballet Stagium, com professores do Royal Ballet Accademy, e em outras capitais. ‘‘Quero conhecer um pouco de cada método para passar para meus alunos, para dançar e me inspirar nas coreografias.’’

Marcia herdou a sensibilidade do pai, músico de mil instrumentos que a motivava a dançar desde pequena. Com a mãe, aprendeu a empreender e a realizar tudo com perfeição e riqueza de detalhes. Ela atribui à família sua força para estar ‘‘sempre dançando e no comando da academia com mais de 300 alunos’’. ‘‘Minha mãe pintava cenários de sete metros de altura para nossas montagens, meu marido Christian, que é adminstrador, divulgador, e companheiro nos sonhos, me dá a retaguarda, e graças à compreensão dos filhos, é que posso me dedicar à dança 24 horas por dia.’’

Marcia diz que a dança clássica é a mãe que fundamenta qualquer outra dança, mas a moderna também tem conseguido ocupar seu espaço. ‘‘O clássico sempre será importante, mas enfoca uma sociedade de 1800 e fala muito para as platéias mais românticas. Muitas meninas se imaginam bailarinas como aquelas das caixinhas de música. Hoje há grandes bailarinos clássicos que fazem aulas de dança moderna. É importante fazer uma releitura da sociedade. A dança contemporânea retrata os tempos de hoje, os conflitos dos seres humanos e sempre tem algo a dizer a todo o tipo de público’’, define a bailarina e coreógrafa.

Fonte: https://www.folhadelondrina.com.br/folha-2/paixao-por-bale-90233.html